Há a possibilidade de defender a existência de valores universais que regulem as acções sociais? Poder-se-á transformar as condições materiais da nossa existência de forma racional e com a finalidade de propiciar bem-estar aos cidadãos? O poder político tem determinantemente que fazer uso da força (ou ameaçar fazê-lo) como legitimação dos seus interesses internos e externos? Estas e outras questões do foro da Teoria Política e da Filosofia da Comunicação fazem parte de um conjunto de problemas que se analisam neste texto. A autora procurou ilustrar os seus argumentos reunindo para isso filósofos do pensamento contemporâneo que, em diálogo com os seus opositores, contrariam de forma rigorosa e autocrítica a ideia geral que contextualiza as nossas actuais formas de pensar. Sendo que estas se caracterizam pela assunção comum de que há uma ausência de alicerces sólidos (de fundamentação) que sustentem de forma segura as decisões a tomar na vida prática e pública. Não sendo verdade que vivamos tempos sem valores, cabe apresentar então, examinando-as, outras propostas cognitivas (as idealizações necessárias) que contrapõem com a afirmação da existência de princípios reguladores passíveis de serem compartilhados por todos os seres humanos. As dicotomias entre facto e valor, entre a acção por dever e a acção por interesse, serão relidas à luz de uma teoria da acção comunicacional, com o intuito de apresentar uma estrutura de mediação que propicie a conciliação entre o princípio ideal e o princípio da realidade, entre o discurso/acção ética e o discurso/acção política. Não se tome a ambição deste projecto como um livro de resposta com um domínio fechado, mas espere-se nele reformulações precisas do princípio iluminista: inteligência prática universal, precisa-se.