Certamente que numa época em que cada um dos nossos passos pode ser e é, efectivamente, sublinhado por uma imensidade de referências culturais, não sendo nenhuma delas assumida por nós como modelo nem sequer como termo de comparação, poucas questões haverá tão particularmente interessantes como o modo como nos relacionamos com os textos. É por isso que, em grande medida, a questão interpretativa condensa boa parte das questões teóricas colocadas pelo pensamento contemporâneo, constituindo a atitude desenvolvida face aos textos uma verdadeira pedra de toque do pensamento filosófico e literário em geral. O objectivo central deste livro é o de conciliar dois objectivos distintos e dificilmente conciliáveis: por um lado, apresentar uma síntese da hermenêutica filosófica; por outro, apontar os limites da concepção tradicional e tentar abrir o campo hermenêutico aos contributos teóricos de autores exteriores ao espaço hermenêutico, como Foucault e Derrida, viabilizando, assim, uma outra hermenêutica capaz de responder aos desafios do nosso tempo.